Perguntas Frequentes

Tire suas dúvidas frequentes

Encontre aqui respostas para as dúvidas mais comuns sobre nossos exames, orientações e preparos e doenças do aparelho disgestivo. Preparamos este espaço para ajudar você a se sentir mais seguro, bem informado e tranquilo em cada etapa do seu cuidado conosco.

Exames

Colonoscopia

É o exame endoscópico (através de tubo flexível dotado de câmera em sua extremidade) capaz de diagnosticar as doenças do cólon (intestino grosso) e também do íleo terminal (porção final do intestino delgado). Além do diagnóstico, a colonoscopia permite a realização de biópsias (auxílio no diagnóstico mais preciso) e procedimentos terapêuticos (como por exemplo a polipectomia, que é a remoção de pólipos).

O exame é realizado sob sedação, através de medicação ministrada via endovenosa (na veia do paciente), sob os cuidados de um médico anestesista

  • Você deverá vir acompanhado (a) por um maior de idade e que dirija;
  • Não poderá dirigir ou realizar atividades que exijam atenção no dia do exame (por pelo menos quatro horas);
  • Evite comparecer com as unhas pintadas;
  • Comunique sempre o uso de medicações (anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários, devem ser suspensos por um período de 7 a 10 dias antes do exame, mediante autorização do médico que os prescreve). Os medicamentos de uso contínuo podem ser postergados para depois do procedimento;
  • Não ingerir alimentos com sementes, casca e bagaço dois dias antes do exame;
  • Dieta líquido-pastosa, no dia que antecede o exame;
  • Laxativo: em nosso serviço indicamos o produto chamado picossulfato de sódio, 4 a 6 envelopes, a ser manipulado e ingerido com líquidos claros (idealmente água, no mínimo 2 litros). A enfermeira irá orientá-lo (a) quanto ao modo de preparo e a forma de ingestão;
  • Jejum de líquidos em no mínimo 4 h e sólidos nas 12 h que antecedem o exame.

Endoscopia Digestiva Alta

É um exame em que se introduz um aparelho flexível (dotado de câmera em sua extremidade), através da boca, para fins de avaliação diagnóstica dos sintomas e doenças da parte superior do tubo digestivo (esôfago, estômago e a porção inicial do duodeno). Quando possível, o exame pode ser terapêutico, ou seja, para tratamento de condições patológicas específicas dos órgãos acima citados.

O exame é realizado com sedação, utilizando medicação administrada por via endovenosa (em uma veia do paciente), permitindo que o mesmo relaxe e adormeça para a realização do exame.

  • Se já realizou esse exame antes, favor trazer o resultado;
  • Estar acompanhado por maior de idade
  • Não dirigir ou realizar atividades que exijam atenção no dia do exame (pelo menos por um período de quatro horas);
  • Jejum nas 12 horas que antecedem o exame, sendo a última refeição leve (chá, torradas, bolachas e caldos salgados);
  • A ingesta de grande parte das medicações de uso contínuo pode ser postergada para após o exame;
  • Se diabético, o procedimento deverá ser realizado o mais cedo possível, e deixe para fazer uso de insulina ou dos hipoglicemiantes orais após o exame, próximo à primeira refeição do dia;
  • Evite comparecer com unhas pintadas, porque o esmalte prejudica a monitorização do nível de oxigênio sanguíneo durante o exame.

Manometria Anorretal

Manometria anorretal é um procedimento realizado para avaliar pacientes com constipação ou incontinência fecal. O exame mede basicamente as pressões dos músculos do esfíncter anal, a sensação no reto e os reflexos neurais que são necessários para executar os movimentos normais do intestino.

Pode ser realizado em qualquer idade. Não requer (nem permite) anestesia ou sedação, por ser um exame pouco invasivo e indolor e prescindir da participação consciente do paciente

Preparo para o procedimento:

Normalmente não se faz nenhum preparo. A alimentação deve ser a habitual. No caso de pacientes com prisão de ventre, pode ser solicitado o uso de algum supositório na manhã do exame. O ideal é que o paciente já tenha evacuado antes do exame. Pode-se tomar qualquer medicação regular até 2 horas antes do estudo. O procedimento do exame leva cerca de 20 minutos. Será solicitado vestir um avental. O médico ou enfermeiro irá explicar o procedimento, obter uma história breve de saúde e responder a quaisquer perguntas que possa haver.

Como é feito o procedimento?

O paciente, em seguida, deita-se sobre seu lado esquerdo. Uma pequena sonda flexível, do calibre de um termômetro, com um balão na extremidade é inserido no reto. O cateter é conectado a um aparelho que mede basicamente pressões. Durante o procedimento, o pequeno balão anexado ao cateter pode ser inflado no reto para avaliar as vias de reflexos normais.

A enfermeira ou técnico também pode pedir ao paciente para efetuar movimentos comuns como: esforço para evacuar, para prender, ou mesmo relaxar em vários momentos do exame. As pressões do músculo esfíncter anal são medidas durante cada uma dessas manobras. Para prender, o paciente aperta os músculos do esfíncter, como se tentando impedir que alguma coisa fosse sair. Para forçar a evacuação, as tensões serão dirigidas para baixo como se tentando ter um movimento de evacuação.

O que pode ser apreendido a partir manometria anorretal:

A área anal e retal contém músculos especializados que são úteis para regular a passagem correta do conteúdo intestinal, resultado dos movimentos intestinais (gases e fezes). Normalmente, quando o conteúdo entra no reto, o músculo esfíncter anal aperta-se como um reflexo para impedir a passagem de fezes, principalmente se o reflexo ocorrer em momento inconveniente. Se este músculo é fraco ou não contrai de forma adequada, a incontinência (perda de gases ou fezes) pode ocorrer. Normalmente, quando uma pessoa força uma evacuação, relaxa os músculos do esfíncter anal. Assim, a diminuição das pressões permite a evacuação de fezes. Se os músculos do esfíncter não fizerem movimentos coordenados ou adequados, poderá contribuir para a constipação.

A manometria anal avalia a força dos músculos do esfíncter e se eles relaxam adequadamente. Fornece informações úteis para o médico no tratamento de pacientes com incontinência fecal ou constipação acentuada.

Pode também ser solicitada para casos de pré-operatório de fissura, hemorroidas ou prolapso, com a intenção de se estudar a anatomia local e suas capacidades funcionais.

Existem muitas causas de incontinência fecal. O músculo do esfíncter anal fraco ou a sensibilidade do reto diminuída podem contribuir para a incontinência fecal. Se estas anormalidades estão presentes, elas podem ser tratadas.

Riscos de manometria anorretal:

A manometria anorretal é um procedimento seguro e de baixo risco e é pouco provável causar qualquer dor. As complicações são raras: é possível que um pequeno sangramento possa ocorrer se o paciente estiver com uma lesão prévia. Se você é alérgico ao látex, você deve informar ao enfermeiro/técnico antes do teste, para que o balão do cateterseja substituído por um de vinil.

Manometria Esofágica

Exame que permite ao médico avaliar o funcionamento do esôfago, por meio da análise da força e da coordenação dos movimentos peristálticos do órgão. Alterações no peristaltismo do esôfago podem ocasionar diversos sintomas, como disfagia (dificuldade de engolir), dor no peito e pirose.

  • Estabelecer o diagnóstico dos distúrbios da peristalse do esôfago;
  • Detectar alterações motoras do esôfago associadas às doenças sistêmicas;
  • Colocação de aparelhos intraluminares, como sensores da pH metria de 24h;
  • Avaliação pré-operatória da função peristáltica em pacientes nos quais se considera a possibilidade de cirurgia anti-refluxo;
  • Outras indicações a critério médico.

O exame é realizado ambulatorialmente, sem sedação, pois esta não é necessária e o médico precisa também da cooperação e informação do paciente. Tem duração de cerca de 20 minutos.

Os dados fornecidos pelo exame da Manometria Esofágica são utilizados por diversas especialidades, dentre elas a própria Gastroenterologia, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Pediatria, Pneumologia, Cardiologia, Otorrinolaringologia, Dermatologia e Neurologia.

Indicações para a realização do exame:

  • Estabelecer o diagnóstico dos distúrbios da peristalse do esôfago;
  • Detectar alterações motoras do esôfago associadas às doenças sistêmicas;
  • Colocação de aparelhos intraluminares, como sensores da pH metria de 24h;
  • Avaliação pré-operatória da função peristáltica em pacientes nos quais se considera a possibilidade de cirurgia anti-refluxo;
  • Outras indicações a critério médico

pH Metria Esofágica

O exame de pH metria de 24h é o principal exame para o diagnóstico da Doença do Refluxo Gastro-Esofageano.

O paciente permanece durante aproximadamente 24h com um sensor no esôfago que é sensível às variações do pH (acidez) do esôfago. Quando um episódio de refluxo gastro-esofageano ocorre, a queda do pH intra-esofágico é detectada pelo sensor e registrada em um gravador.

Após o término do exame, o número de ocorrências de refluxo e sua duração são determinadas. Com essas informações, o médico pode dizer se o paciente tem ou não refluxo anormal (Doença do refluxo gastro-esofageano). Alem disso, é possível determinar se um determinado sintoma (pirose, tosse, dor no peito e outros) é decorrente de refluxo ácido.

Os dados fornecidos pelo exame da pH metria Esofágica são utilizados por diversas especialidades, dentre elas a Gastroenterologia, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Medicina Interna (Clínica Médica), Pediatria, Pneumologia, Cardiologia, Otorrinolaringologia, Dermatologia e Geriatria.

Indicações para a realização do exame:

  • Suspeita clínica de DRGE (doença do refluxo gastro-esofageano);
  • Auxiliar na seleção do tratamento da DRGE (medicamentoso ou cirúrgico);
  • Avaliar pacientes pós cirurgia anti-refluxo e persistência de sintomas;
  • Auxilio diagnóstico em casos selecionados de rouquidão ou tosse crônica;
  • Dor toráxica de origem não-cardíaca após avaliação do médico cardiologista;
  • Detectar DRGE em pacientes com doenças pulmonares (tais como asma e fibrose cística);
  • Outras indicações a critério médico.

Retossigmoidoscopia Flexível

Exame endoscópico que permite visualizar o reto e a parte final do intestino grosso (sigmoide). É utilizado na investigação de sangramentos, dores, diarreias, alterações intestinais e acompanhamento de doenças inflamatórias.

  • Você deverá vir acompanhado (a) por um maior de idade e que dirija;
  • Não poderá dirigir ou realizar atividades que exijam atenção no dia do exame (por pelo menos quatro horas);
  • Evite comparecer com as unhas pintadas;
  • Comunique sempre o uso de medicações (anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários, devem ser suspensos por um período de 7 a 10 dias antes do exame, mediante autorização do médico que os prescreve). Os medicamentos de uso contínuo podem ser postergados para depois do procedimento;
  • Na véspera, não ingerir vegetais, grãos e verduras;
  • Se já realizou esse exame antes, favor trazer o resultado;
  • Aplicação de laxativos de ação local: 1 ampola de Phosphoenema ou Minilax via retal, uma e duas horas antes do exame.

Doenças do aparelho digestivo

Fígado

A hepatite é um processo inflamatório, decorrente de infecção ou não, que acomete o fígado. Tal processo pode ser sintomático, com mal-estar geral, dores articulares e fadiga, dor local pelo aumento do volume do fígado, icterícia (amarelão), náuseas, falta de apetite, urina escura, fezes brancacentas e sintomas que podem simular um quadro gripal, ou totalmente ausente de sintomas.

Encontramos como causas: as infecciosas (as mais comuns pelos vírus A, B e C), as medicamentosas (como, por exemplo, o acetaminofen ou paracetamol, em doses acima de 4 g/d), as autoimunes (produção de anticorpos contra o fígado), o consumo abusivo e contínuo do álcool, a presença de gordura no fígado (esteato-hepatite), e menos comumente as doenças em que há deficiências de enzimas, ou do metabolismo do ferro e do cobre (deficiência de alfa 1 anti-tripsina, hemocromatose e doença de Wilson respectivamente).

A hepatite pode ser aguda (duração curta ou até 6 meses) ou crônica (duração prolongada, acima de 6 meses).

Doenças como a hepatite por vírus A e aquelas causadas por medicamentos (desde que esses forem suspensos em tempo) não evoluem para a forma crônica.

Doenças como a hepatite por vírus B e C, hepatites autoimunes, esteato-hepatite, deficiência de alfa 1 anti-tripsina, hemocromatose e doença de Wilson, podem evoluir com cronificação. Além dos sinais e sintomas, são observadas alterações nos exames laboratoriais, referentes à bioquímica hepática ou sorologias virais, o que em muitos casos, é o motivo isolado de encaminhamentos para consulta com hepatologista.

O diagnóstico das hepatites virais é feito pela detecção de anticorpos contra os vírus (sorologias virais) e mais recentemente, pode ser utilizado o método de PCR (polimerase chain reaction) para detectar a presença ou a quantidade do vírus circulante no organismo. Elevações das enzimas hepáticas chamadas transaminases (AST e ALT) ocorrem em quadros agudos e podem levar até seis meses para a normalização. Na persistência do processo inflamatório (cronificação), as transaminases permanecem elevadas.

O tratamento da hepatite é direcionado para as causas que a determinam.

Cirrose hepática é a substituição do tecido hepático normal e sadio por um tecido fibroso e nodular, resultante de um processo cicatricial, decorrente da agressão e necrose das células do fígado.

As causas podem variar, desde hepatites crônicas virais, doenças metabólicas, autoimunes, isquêmicas ou que determinem agressão e necrose do tecido hepático.

A doença pode ser totalmente assintomática em fases iniciais, ou na evolução, manifestar-se com fadiga/cansaço, anemia, emagrecimento (perda de massa muscular), aumento de volume do abdômen (ascite), edema dos membros inferiores, estados confusionais (encefalopatia hepática), predisposição a infecções (peritonite bacteriana espontânea, infecções urinárias e pneumonias) e hemorragias digestivas.

Tratamentos:

  • Tratamento da doença de base;
  • Suporte nutricional adequado;
  • Prevenção de hemorragias (em especial por varizes esofágicas);
  • Prevenção de infecções (como a peritonite bacteriana espontânea);
  • Prevenção/profilaxia da encefalopatia hepática;
  • Rastreamento e tratamento de complicações como o hepatocarcinoma (câncer primário do fígado, situação predisposta pela cirrose);
  • Por final, o tratamento definitivo, em casos selecionados, é o transplante hepático.

Vias Biliares e Vesícula

Colelitíase é a presença de cálculo(s) no interior da vesícula biliar. Os cálculos, quanto a sua composição, podem ser:

  • de Colesterol (10 a 15%);
  • de Pigmentos (biliares) (5 a 10%);
  • de Carbonato de Cálcio (raros);
  • Mistos, os mais frequentes (aproximadamente 80%).


A bile é uma solução que contém várias substâncias: água, colesterol, sais biliares, lecitina e bilirrubinatos. Juntos, em quantidades proporcionais, mantêm a bile em estado líquido. Quando o colesterol ou os sais biliares são produzidos em excesso, por alguma razão, a solução torna-se saturada e há precipitação dessas substâncias com a formação de pequenos grânulos (lama biliar ou microcálculos). Esses grânulos dão início à formação de pedras ou cálculos.

  • Mulheres entre 20 e 60 anos: 3 vezes mais chance de cálculos do que os homens. Provável relação hormonal (com o estrógeno);
  • Mulheres que tiveram múltiplas gestações;
  • Risco aumenta com a idade e a obesidade;
  • Presença de úlceras duodenais;
  • Cirurgias gástricas para tratamento de câncer ou de úlceras;
  • Dislipidemias (elevação do colesterol);
  • Diabetes;
  • Doenças intestinais;
  • Cirrose;
  • Anemias hemolíticas;
  • Infecção biliar ou parasitose;
  • Hiperparatireoidismo;
  • Porfiria (doença do metabolismo das porfirinas, substância que pode ser encontrada na bile);
  • Estenose (redução do calibre) do ducto biliar principal.

Grande parte dos pacientes são assintomáticos e diagnosticados acidentalmente durante um exame de rotina, check-up, ou por procurar o médico para acompanhamento de outra doença qualquer.

Uma parte (casos crônicos) pode apresentar intolerância a alimentos gordurosos (frituras, gema de ovo, gorduras, etc) porque, ao chegar ao duodeno, a gordura estimula a contração vesicular, provocando mal-estar e dor localizada no lado direito do abdômen.

Náusea: sintoma muito frequente (com ou sem vômitos).

Nos casos agudos, podemos observar:

  • Dor abdominal intensa, geralmente tipo cólica, localizada no lado direito do abdômen, abaixo das costelas, na região do estômago, ou ainda no dorso (nas costas).
  • Pacientes assintomáticos ou que sentiam pequeno desconforto quando ingeriam alimentos gordurosos, podem, de uma hora para outra, apresentar dor forte, aguda e intensa do lado direito do abdômen, eventualmente acompanhada de febre e icterícia. Esses sintomas são indicativos do quadro de colicistite aguda, isso é, de inflamação aguda da vesícula decorrente de uma doença crônica.

Os pacientes sintomáticos são encaminhados para o tratamento cirúrgico (retirada cirúrgica da vesícula). O que atualmente, exceto em casos raros ou específicos, é realizado através da via videolaparoscópica.

Quanto aos pacientes assintomáticos, em geral é de consenso que devam ser submetidos ao tratamento cirúrgico os pacientes:

  • Diabéticos;
  • Com anemias hemolíticas (risco aumentado para cálculos);
  • Jovens, particularmente aqueles com baixo risco cirúrgico e apresentando pequenos cálculos (devido ao risco de complicações como a pancreatite);
  • Que viajarão por longos períodos para lugares sem acesso a médicos.

O paciente é operado com anestesia geral. É realizada uma pequena incisão no umbigo, onde é introduzida uma agulha para distender a cavidade abdominal, através da insuflação de gás apropriado para tal. A intenção é criar um espaço para se trabalhar com todo o instrumental cirúrgico.

É então introduzido um tubo metálico chamado trocáter, por onde se passa o laparoscópio (instrumento de visualização da cavidade abdominal).

São realizados mais três pequenos cortes, por onde são posicionadas as pinças a serem utilizadas durante a cirurgia.

Em algumas situações, é realizado RX com contraste no canal da bile (colangiografia) durante a cirurgia, para detecção de cálculos no interior deste canal (coledocolitíase). Se forem detectados, deverão ser removidos durante a cirurgia ou após, em procedimento realizado com endoscopia (papilotomia endoscópica).

Ao final da cirurgia os cortes são fechados com um ou dois pontos na pele.

Sim. Apesar de importante no processo de digestão (em específico das gorduras, promovendo emulsificação e facilitando a ação de enzimas digestivas) a vesícula não é fundamental à manutenção da digestão ou da vida. A vesícula é uma pequena saculação (como uma bexiga), localizada abaixo do fígado. Tem a função de armazenar a bile (líquido amarelo-esverdeado espesso, produzido pelo fígado e importante para a digestão das gorduras) tornando-a concentrada. Após as refeições, a vesícula se contrai liberando bile em grande quantidade no duodeno (início do intestino delgado), a qual entra em contato com o alimento, continuando o processo de digestão iniciado no estômago. O fígado de um adulto produz diariamente em torno de 900 ml de bile (quase 1 litro). Mesmo sem a vesícula, a bile produzida pelo fígado alcançará seu destino final que é o intestino, percorrendo um trajeto normal que é a via biliar principal.

Pâncreas

Pancreatite é um processo inflamatório que acomete o pâncreas (glândula volumosa, com aproximadamente 15 cm de extensão, localizada atrás do estômago, entre o duodeno e o baço).

O pâncreas secreta enzimas digestivas no interior do duodeno (início do intestino), por meio do ducto pancreático. Tais enzimas promovem a digestão das gorduras, das proteínas e dos carboidratos.

O pâncreas também produz e libera os hormônios insulina e glucagon na corrente sanguínea. Tais hormônios controlam os níveis de glicose em nosso organismo.

As enzimas digestivas encontram-se inativadas no interior do pâncreas, até alcançarem o intestino, onde iniciam o processo da digestão.

Caso as enzimas sejam ativadas no interior do órgão, iniciam um processo de autoagressão, podendo determinar a pancreatite.

Os cálculos biliares e o alcoolismo são responsáveis por quase 80% dos internamentos por pancreatite aguda.

As mulheres sofrem pancreatite de causa obstrutiva (por cálculos) quase 2 vezes mais que os homens.

Nos homens, a pancreatite de origem alcoólica é 6 vezes mais frequente.

Outras causas da pancreatite aguda:

  • Trauma/contusão do órgão;
  • Medicamentos;
  • Causa isquêmica (infarto do pâncreas);
  • Elevação excessiva dos triglicerídeos;
  • Doenças metabólicas;
  • Causas congênitas/hereditárias;
  • Elevação excessiva dos níveis de cálcio no sangue;
  • Causas infecciosas virais, como o vírus da Caxumba por exemplo;
  • Desconhecidas: até 10 a 15 % dos casos.

O principal sintoma é dor abdominal (caracteristicamente em faixa na região superior do abdômen, estendendo-se para as laterais e o dorso). Em geral, inicia-se subitamente e torna-se progressivamente mais forte e contínua.

  • Náuseas e vômitos associados à dor.
  • Nos casos mais graves: piora do estado geral do paciente, febre, taquicardia, sudorese, queda da pressão arterial, insuficiência respiratória e sepse (infecção generalizada).
  • Dor abdominal crônica recorrente (pode ser intensa, provocada pelo consumo de álcool, necessitando de analgésicos potentes).
  • Diarreia crônica, com eliminação de gordura nas fezes (pela digestão ineficiente das gorduras e má absorção das mesmas).
  • Emagrecimento: pela absorção deficiente de nutrientes devido à diarreia crônica.
  • Diabetes: por destruição das células produtoras de insulina.


Tratamento – Direcionado às causas, ou seja:

Se por cálculos provenientes da vesícula, que obstruíram o canal do pâncreas: a desobstrução do mesmo e posterior retirada da vesícula é realizada.

Ademais: jejum com objetivo de manter o pâncreas em “repouso” na pancreatite aguda.

Analgesia adequada para controle da dor.

Cuidados gerais com o paciente internado (hidratação, monitoramento e cuidados com níveis da glicemia, por exemplo).

Em casos mais graves, existe a necessidade do uso de antibióticos, internamentos em UTI e intervenções cirúrgicas.

Na pancreatite crônica, além da analgesia, o tratamento pode incluir o uso de enzimas pancreáticas, que melhoram o processo da digestão e da diarreia, além de reduzirem a dor.

Os casos de pancreatite crônica que evoluírem para diabetes, também necessitarão do uso de insulina para controle da glicemia do paciente.

Esôfago

O esôfago é um órgão tubular que mede aproximadamente 30 cm. Sua função é transportar o alimento da boca ao estômago. Ele é revestido externamente por uma musculatura que se contrai para transportar a comida. A camada interna, que está em contato com os alimentos, é revestida por células escamosas diferentemente do estômago. Por esse motivo, na doença do refluxo, quando o ácido gástrico reflui para o esôfago, o paciente sente aquela dor desconfortável do tórax em queimação.

A Doença do Refluxo Gastroesofágico é uma afecção muito frequente na população (no Brasil, estima-se algo em torno de 12%), e é causada pela passagem do conteúdo do estômago de volta para o esôfago, provocando inflamação nesse órgão. Isso pode trazer alguns sintomas como uma dor parecida com queimação (a conhecida “azia”), náuseas, regurgitação de conteúdo ácido ou alimentar, dor torácica, salivação excessiva e até queixas respiratórias como tosse e bronquite.

Existe um músculo que separa o esôfago do estômago (esfíncter esofagiano inferior) e normalmente se contrai depois que a comida chega ao estômago, não deixando que volte. Porém, pode ficar relaxado, permitindo que a pessoa tenha azia ou outros sintomas. Isso pode acontecer quando há a ingestão de bebidas alcoólicas, após o fumo e também com alguns alimentos como chocolate e cafeína.

A Endoscopia Digestiva é o principal exame para diagnosticar se o esôfago está inflamado, e também mostra se o paciente tem hérnia de hiato (migração de parte do estômago, para o interior da cavidade torácica), uma importante causa do refluxo. Porém, dependendo do caso, outros exames podem ajudar no diagnóstico.

Estômago

O estômago é um órgão sacular em forma de “J”que tem a função de reservatório do alimento digerido, além de contribuir com a digestão principalmente de proteínas por meio da secreção de ácido e pepsina.

O termo gastrite, muitas vezes é usado de forma incorreta, para denominar a famosa dor na “boca do estômago”. Na verdade, essa dor, quando não é causada por processo inflamatório ou ulceroso, chama-se dispepsia.

A gastrite é um processo inflamatório envolvendo o estômago, cuja causa principal é a bactéria H.pylori. Além da bactéria, o álcool e o tabaco podem ser causas de gastrite. Medicamentos, como anti-inflamatórios também podem causar lesão gástrica de aspecto inflamatório (ainda que, a literatura médica sugira que, o termo mais correto nestes casos seja: gastropatia medicamentosa).

A infecção pelo H.pylori pode levar à inflamação e atrofia da mucosa gástrica. Além do mais, pode causar úlcera gástrica ou de duodeno. Porém, existe uma discussão entre os profissionais de saúde em relação ao tratamento da bactéria. Enquanto alguns médicos tratam sempre, outros somente em determinadas situações (seguindo protocolos específicos).

A úlcera é uma das grandes causas de dor no abdômen superior, podendo localizar-se no estômago, ou no duodeno. Ela é causada por alguns fatores como a infecção pela bactéria H.pylori, uso de medicamentos, tabagismo, etilismo, entre outros. A E.D.A. (endoscopia digestiva alta) é o melhor exame para diagnosticar tal doença.

O tratamento inclui o uso de medicamentos que reduzam a quantidade de ácido. Os melhores são os IBP’s.

Se não for tratada, pode causar complicações graves como sangramento ou perfuração do órgão.

O termo dispepsia significa dificuldade de digestão. Os sintomas que podem fazer parte deste quadro localizam-se na parte superior do abdômen e são: dor, empachamento e/ou desconforto abdominal, náuseas, vômitos, eructações (arrotos), sensação de peso, pirose (azia/queimação), saciedade precoce, entre outros. A dispepsia pode ser funcional (sem uma causa orgânica ou sem um substrato anatômico de base) ou orgânica (como as gastrites, úlceras, doença do refluxo com ou sem hérnia de hiato ou esofagite).

O tratamento da dispepsia funcional inclui uma real compreensão do problema pelo paciente, e cabe ao médico assistente as orientações e os esclarecimentos necessários. Redução da carga de estresse, por meio de atividades físicas, pode colaborar. Ingestão de alimentos menos gordurosos, sem condimentos, ou industrializados (enlatados / embutidos) e mais saudáveis como frutas e verduras, também têm um papel importante. Estimular mastigações lentas e com um tempo adequado para cada refeição é um dos objetivos.

Além disso, medicamentos específicos para o tratamento de cada sintoma e o uso de antidepressivos (no intuito de reduzir a sensibilidade dos órgãos do aparelho digestivo à dor ou aos sintomas) podem ser efetivos.

O tratamento da dispepsia orgânica é focado no combate das doenças causadoras dos sintomas.

Intestino Delgado

A principal função do intestino delgado é a absorção. Ele é dividido em duodeno, jejuno e íleo. A digestão, nesse órgão, é realizada por secreções do intestino com auxílio de dois órgãos: o fígado e o pâncreas, que eliminam substâncias por meio de ductos que são ligados diretamente ao intestino delgado. O fígado secreta a bile, que emulsifica (dissolve) as gorduras, ajudando na digestão e absorção. O pâncreas libera o suco pancreático, que contém enzimas que digerem, principalmente, os macronutrientes. A α-amilase, que digere os carboidratos, a lipase pancreática, que digere as gorduras ou lipídeos e as proteases, são as responsáveis pela digestão de proteínas.

Os primeiros centímetros do revestimento duodenal são lisos, mas o restante apresenta pregas, sejam pequenas projeções (vilosidades) ou projeções menores (microvilosidades). Essas vilosidades e microvilosidades aumentam a área da superfície do revestimento duodenal, permitindo uma maior absorção de nutrientes.

  • A diarreia ocorre quando o número de evacuações aumenta, e a consistência das fezes reduz, tornando-se pastosas ou líquidas.
  • Por definição: Mais de 3 evacuações ao dia, com fezes amolecidas e acima de > 200g/24h já é considerado diarreia.
  • A diarreia é considerada aguda quando se estende por até 2 semanas de duração. Acima desse período já é considerada aguda prolongada ou crônica, quando ultrapassa 4 semanas.
  •  

A diarreia aguda pode ser inflamatória (90% dos casos), causada por bactérias, vírus, toxinas de bactérias ingeridas em alimentos, ou ainda por medicamentos. Muitas vezes, a diarreia aguda é acompanhada de dor e distensão abdominal, náuseas e vômitos.

A diarreia inflamatória causada por bactérias pode ser acompanhada de febre e com eliminação de sangue nas fezes (disenteria).

A diarreia aguda é muito comum e frequentemente evolui para a cura ao fim de quatro ou cinco dias, apenas com cuidados alimentares e hidratação oral.

Todos, durante a sua vida, já experimentaram a sensação desagradável de alguns dias com diarreia.

Mais de 90% das diarreias agudas são rápidas. São curadas entre dois e cinco dias, sem necessidade de medicamento, apenas com cuidados alimentares e hidratação via oral.

Se a diarreia se prolonga por um período superior a uma semana, ou apresenta resíduos de sangue, muco ou pus, pode ser necessária a utilização de medicamentos específicos, dependendo da causa etiológica da mesma. Avaliação médica e possíveis exames, para um diagnóstico mais adequado, são aconselhados.

Quando a diarreia se prolonga para além de quatro semanas é chamada de diarreia crônica. As causas ou etiologias são variadas. Existem causas orgâncias e não orgânicas de diarreia crônica. Dentre as causas não orgânicas está a síndrome do intestino irritável.

Dentre as causas de diarreia crônica de origem orgânica incluem-se as infecções, a doença celíaca, as doenças inflamatórias intestinais (Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa). Por vezes, a causa é medicamentosa como laxantes, hormônios da tiróide, digitálicos, pró-cinéticos, antiácidos etc.

O tratamento da diarreia crônica é dirigido à sua causa.

A diarreia (maior número de dejecções ou modificação na consistência) que aparece depois dos 40 – 45 anos obriga a uma consulta médica o mais breve possível.

A Deficiência de Lactase pode ser genética ou adquirida. Quando adquirida, ela pode desaparecer com a cura da doença causadora (Ex: enterites infecciosas).

Os dissacarídeos (forma de açúcar molecularmente mais complexa) da nossa alimentação, para serem absorvidos no intestino delgado, precisam ser desdobrados em moléculas menores, os chamados monossacarídeos (forma de açúcar molecularmente mais simples).

As células da mucosa do intestino delgado possuem uma enzima (chamada lactase) que desdobra os dissacarídeos em monossacarídeos a serem absorvidos.

A não absorção desses dissacarídeos pode provocar diarreia, dor abdominal, ou levar à formação de gases no cólon.

Qual o tratamento?

O tratamento se baseia na redução ou interrupção da ingestão de leite e seus derivados.

A Doença Celíaca é uma enteropatia autoimune (existe produção de anticorpos, contra as células da mucosa do intestino delgado), induzida pela ingestão de glúten (proteína que se encontra no trigo, centeio, cevada e aveia). Ou seja, a ingestão dessa proteína estimula a produção de tais anticorpos contra a mucosa do intestino. Existe uma predisposição genética para tal doença.

O glúten representa 80% das proteínas do trigo e é composta por gliadina e glutenina. O milho e o arroz não possuem glúten. Fatores genéticos, ambientais e imunológicos, predispõem a mucosa do intestino a alterar-se, a perder as vilosidades e a ficar plana impedindo a absorção dos alimentos e causando a diarreia.

  • A DC é comum ao redor do mundo e afeta cerca de uma para cada 100 a 300 pessoas.
  • A taxa de mulheres para homens com DC é de 2:1.
  • Muitos pacientes com doença celíaca têm sintomas mínimos, ou apresentação atípica.

A Doença Celíaca é uma doença hereditária, mas, a forma de transmissão, é ainda desconhecida. A doença aparece em cerca de 10 % dos familiares em 1º grau, do doente.

A capacidade de absorção no intestino delgado está diminuída. Fato comum a muitas doenças que provocam má absorção. A diarreia (por vezes as fezes são volumosas, brilhantes e muito mal cheirosas devido ao conteúdo em gorduras – esteatorreia) e a perda de peso são dois sintomas muito importantes. Mas, hoje, sabemos que nos adultos, muitas vezes, os sintomas são atípicos, com diarreia esporádica, sem perda de peso. Por vezes, a diarreia alterna com prisão de ventre e os sintomas mais incomodativos são a dor e a distensão. A anemia por carência de ferro pode ser uma das manifestações da doença.

Nas crianças, a diarreia, a perda de peso, vômitos e irritabilidade podem aparecer logo que se introduzem alimentos com glúten. Mas, por vezes, os sintomas aparecem mais tarde ou só na idade adulta.

Existem testes sorológicos que podem ser realizados sempre que há suspeita de doença celíaca: o anticorpo antiendomisio e o anticorpo anti-tTransGlutaminase. Qualquer um deles têm uma sensibilidade e especificidade superior a 90%.

biópsia da segunda porção do duodeno realizada durante a endoscopia digestiva alta é útil para confirmar o diagnóstico, bem como o controle do tratamento (com retorno da mucosa à normalidade, após uma dieta sem glúten). Se a biópsia é compatível com doença celíaca e são evidentes as melhoras com a dieta sem glúten, o diagnóstico está praticamente firmado.

É essencial fazer uma dieta sem glúten. Os suplementos de ferro, folato, cálcio e vitaminas A, B12, D e E são necessários no inicio do tratamento, mas deixam de ser logo que se normalize a absorção. Quando há uma boa resposta à dieta sem glúten, o prognóstico da doença é bom. Se durante o tratamento a resposta for má ou houver emagrecimento ou dor abdominal deve procurar-se uma possível complicação que exija um tratamento específico.

O tratamento consiste em evitar, por toda a vida, alimentos que contenham glúten (tais como pães, cereais, bolos, pizzas e outros produtos alimentícios ou aditivos que contenham trigo, centeio, aveia e cevada). Medicamentos e outros produtos também podem conter glúten. Assim que o glúten é removido da dieta, a cura costuma ser total. Apesar da dieta sem glúten parecer extremamente difícil a princípio, algumas famílias têm tido muito sucesso com ela. É possível substituir as farinhas proibidas por fécula de batata, farinha de milho, amido de milho, polvilho doce ou azedo, farinha ou creme de arroz, farinha de araruta ou fubá. Nutricionistas e grupos de apoio podem ajudar as famílias a se ajustarem a essa dieta radical. Mesmo assim, pode levar vários meses até que elas se acostumem com a dieta sem glúten.

Os pacientes podem começar a apresentar melhora 1 ou 2 semanas após o início da dieta. A intolerância à lactose causada pelo dano intestinal também diminui. Na maioria das pessoas, os sintomas desaparecem e a parede do intestino se recupera totalmente de 6 a 12 meses após o início da dieta sem glúten. Nas crianças, o crescimento e a força dos ossos voltam ao normal. Visitas regulares a um nutricionista e a uma equipe de profissionais de saúde com experiência no tratamento da doença celíaca são importantes para ajudar a manter a dieta e monitorar possíveis complicações. Apesar de algumas pessoas serem capazes de voltar a consumir glúten sem sintomas imediatos, elas não “superaram” a doença celíaca, e não estão “curadas”. A dieta sem glúten deve ser seguida por toda a vida.

Constipação Intestinal

Clinicamente, o sintoma da constipação significa menos do que três evacuações por semana, com sintomas ou dificuldade no esvaziamento retal (sensação de evacuações incompletas, fezes endurecidas entre outros).

Existem as lesões intestinais visíveis pelos métodos de investigação por imagem (Raio-X ou análogos, endoscopia e microscopia), conhecidas como doenças orgânicas e as modificações dos movimentos peristálticos (movimentos do intestino que conduzem o alimento através do intestino), usualmente denominadas de alterações funcionais.

Na maioria das vezes, a constipação ocorre devido à baixa ingestão de alimentos ricos em fibras, baixa ingestão de água, associadas ou não ao sedentarismo.

O tratamento se baseia em alterações alimentares e comportamentais. A ingestão de fibras e água em maior quantidade juntamente com a prática regular de exercícios físicos, melhora os sintomas na grande maioria dos casos. Mas é importante estar atento para mudanças bruscas do hábito intestinal, o que pode significar, muitas vezes, doença orgânica existente.

Quando não tratada de forma correta a constipação intestinal pode evoluir e gerar algumas complicações para o organismo, entre elas:

  • Doença diverticular dos cólons: saculações do revestimento interno do intestino para fora de suas paredes.
  • Hemorroidas dilatações tortuosas dos vasos sanguíneos da região anal, podendo causar dor e sangramento principalmente durante as evacuações.
  • Fissuras anais: pequenos “cortes” na região anal, provocados por fezes ressecadas e esforço ao evacuar, gerando dor, sangramento e ardência ao evacuar.

A ingestão de fibra alimentar recomendada para um adulto de acordo com a associação dietética americana é de aproximadamente 25 a 30 gramas por dia.

Os principais alimentos que contêm fibras são: vegetais (legumes, verduras de folha, raízes), frutas (frescas ou secas), leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, fava, soja), cereais integrais (pão, arroz, massa, aveia), oleoginosas (noz, avelã, amêndoa) e sementes (gergelim, frutas).

A síndrome do intestino irritável (SII) caracteriza-se por um conjunto de queixas (sintomas) provocadas pelo mau funcionamento do intestino. Não há alteração orgânica por definição. Os sintomas mais comuns são dor e/ou desconforto abdominal, associado à diarreia e/ou constipação (prisão de ventre). Mas é importante descartar qualquer outra causa antes de se firmar o diagnóstico.

A SII é uma das desordens gastrointestinais mais comuns, atingindo entre 15 e 20% da população geral.

A SII pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum dos 15 aos 50 anos. Geralmente, apresenta-se de forma leve. Em alguns pacientes, os sintomas podem alterar as atividades diárias ou mesmo impedi-las. O controle dos sintomas da SII pode ser alcançado por medidas que incluem dietas específicas, tratamento e controle do estresse e, em alguns casos, medicação apropriada.

Os sintomas mais frequentes são diarreia, constipação ou ambos, intercalados com períodos de evacuação normal.

Diarreia: os pacientes com diarreia têm evacuações frequentes com fezes amolecidas de pequeno ou médio volume, que ocorrem durante o dia ou em períodos de exacerbação. A diarreia é acompanhada de dor ou eliminação de muco, com melhora dos sintomas após a evacuação.

Constipação: é a dificuldade para eliminar fezes. Geralmente os pacientes queixam-se do esforço e da dor para evacuar.

Outros sintomas: além da diarreia e constipação é comum ocorrer dor e distensão abdominal, eructações (arrotos) frequentes, sensação da azia, náusea e sensação de empachamento (sensação de estômago cheio), além de outros sintomas menos comuns como dor de cabeça e irritação.

Acredita-se que a principal causa de Síndrome do Intestino Irritável deve-se ao aumento da atividade dos movimentos intestinais, ou seja, por um mau funcionamento do intestino.

Associado a essa causa existem estudos que mostram haver um aumento da sensibilidade a dor nesses pacientes (percepção de dor exacerbada).

Alguns alimentos e o estresse diário são os principais desencadeadores da dor. Normalmente, os sintomas da SII ocorrem logo após as refeições. Vale lembrar que nem todas as pessoas são afetadas da mesma maneira pelos mesmos alimentos e o acompanhamento multidisciplinar, com nutricionistas, ajuda bastante a conter os sintomas.

Alimentos ricos em gordura e ingestão de bebida alcoólica devem ser evitados. Alimentos ricos em sorbitol (presente como adoçante artificial em produtos dietéticos e medicamentos), além de alimentos como o pêssego, uva, morango, ameixa, cereja, maça, pêra (frutas cujo açúcar, a frutose, pode desencadear os sintomas), chocolate e doces em pasta, também pioram os sintomas e devem ser evitados. A frutose provoca aumento de gases e com isso piora a sensação de distensão e dor abdominal. Ficar atento a intolerância a laticínios, alimentos ricos em cafeína e condimentos que podem piorar ainda mais os sintomas.

Uma dieta rica em fibras é recomendada nos casos de SII, seja por meio da ingestão de maiores porções de frutas (cuidado com sintomas desencadeados pelas acima citadas), hortaliças e cereais integrais, ou mesmo utilizando a suplementação de agentes que aumentam o bolo fecal.

Existem várias opções de medicamentos para o tratamento da SII. O medicamento ideal para você deve ser escolhido por um médico experiente.

Obesidade Mórbida

Está cada vez mais presente na população devido à mudança no estilo de vida e hábito alimentar.

Por definição, obesidade significa um índice de massa corpórea (IMC) acima de 30. O IMC é calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado.

O tratamento inicial é conservador, com estímulo à prática de exercícios, dieta e medicamentos. Porém na falha desses e IMC acima de 40, ou IMC de 35 associado a outras doenças, está indicada a cirurgia, pois a obesidade mórbida causa diversos riscos para a saúde. É fundamental o acompanhamento multidisciplinar, incluindo o endocrinologista, cardiologista, nutricionista e psicólogo e/ou psiquiatra para obtenção de melhor resultado após a cirurgia.

Os procedimentos cirúrgicos podem ser divididos em três principais categorias.

As técnicas restritivas têm o objetivo de reduzir somente o volume do estômago. A que mais se destaca e que está sendo cada vez mais praticada atualmente é o “Sleeve”, na qual o estômago é deixado em forma de um túnel.

As técnicas disabsortivas são as menos utilizadas e têm a função de diminuir a absorção do alimento com a manipulação somente do intestino delgado.

Nos procedimentos mistos, há tanto restrição gástrica como disabsorção intestinal. O “bypass”, por exemplo, a cirurgia de Capella (figura esquerda), tem por finalidade uma maior restrição do que disabsorção e nas chamadas técnicas biliopancreáticas ocorre o inverso (figura direita).

Pode-se ainda lançar mão do uso de próteses, como é o caso da banda de silicone, que restringe o volume gástrico de forma ajustável.

Em todas as técnicas de gastroplastia pode haver algum grau de distúrbio nutricional, desde distúrbios metabólicos leves até graves, dependendo do procedimento utilizado. Por esse motivo, é necessário o acompanhamento multidisciplinar, antes e após a cirurgia, além da conscientização do próprio paciente para minimizar essas complicações.